Upcycling - moda e sustentabilidade
O processo de upcycling tem sido muito falado ultimamente mas antes de seguirmos com esse post acho importante primeiro esclarecer alguns pontos. Quando se fala em fazer reciclagem de um modo geral as pessoas costumam pensar nos processos mais comuns que envolvem a destruição de um material para a confecção de outro como o que acontece com papel, plástico e diversos outros materiais. No entanto o que geralmente não é falado é que o processo de reciclagem pode ser feito de duas formas distintas, através do downcycling, que é justamente o processo mais conhecido que destrói um material para produção de uma nova matéria-prima; e através do upcycling que também cria algo novo, uma nova matéria-prima mas em destruir o material antigo. A diferença básica desses dois processos de reciclagem é que enquanto no downcycling o material perde qualidade e há gasto energético na transformação, no upcyclign isso não acontece. No processo de upcycling são mantidas as qualidades do material pois o material não passa por nenhum processo de destruição envolvendo gasto energético nem uso de aditivos químicos. Normalmente o material reciclado por downcycling se torna outra vez o mesmo produto que era originalmente. Já o upcycling a transformação traz algo inédito e em muitos casos até exclusivo. É claro que há materiais em que não há escolha e que o processo de reciclagem precisa passar por várias etapas de transformação para depois ser novamente colocado em uso. O upcycling pode ser utilizado em muitos materiais mas tem sido muito utilizado na moda, estilistas e designers tem aproveitado desse processo para criar novas coleções e marcas.
Dentro da cadeia têxtil é possível empregar o upcycling como uma forma de reaproveitamento bastante criativo e que mantem a qualidade original do material. Estão surgindo cada dia mais estudos sobre como reaproveitar material excedente da indústria têxtil assim como marcas que utilizam o upcycling em materiais pós-consumo. Tanto o que não foi utilizado em uma fábrica têxtil quanto roupas usadas podem ganhar novas versões e isso só depende de muita criatividade e vontade e fazer.
O objetivo do Upcycling é evitar o desperdício dos materiais que ainda estão em perfeitas condições de uso. Esse processo é capaz de contribuir para a redução do consumo de novas matérias-primas, poluição do ar e da água e a emissão de gases de efeito estufa.
Para mostrar como o upcycling pode ser criativo e transformar peças que estavam sem uso em um guarda-roupa ou que iria parar no lixo em peças únicas vou deixar aqui algumas marcas de moda do Brasil que transformam através do upcycling . Inspire-se!
A Comas, marca da estilista uruguaia Agustina Comas, cria roupas com peças que não foram aprovadas para venda após a confecção por não passarem no controle de qualidade em razão de algum defeito. A marca instalada em São Paulo tem como principal peça para upcycling as camisas masculinas.
A Bélier.Bélier é uma marca de bolsas e acessórios atemporais que busca produção com menor impacto no planeta. A criação de bolsas e acessórios artesanais utiliza técnicas de tear e crochê, faz o uso de fios sustentáveis e desenvolvidos a partir de resíduos têxteis e reciclados. Todos os produtos são feios pensando na economia circular do reuso e evitando o desperdício no meio ambiente. Além de contribuir com comunidades artesãs brasileiras e de outros países.
Ateliê de upcycling de jeans localizado no Rio de Janeiro que utiliza como matéria-prima calças jeans descartadas. As peças de descarte são transformadas através do upcycling em novas peças de roupas e acessórios. As peças são produzidas de maneira artesanal.
É uma rede localizada em Porto Alegre (RS) que trabalha com artesãs das comunidades local dando novo significado aos resíduos têxteis, são reaproveitados vários tecidos desde jeans até lona de caminhão. Processo que envolve a orientação, co-criação e a venda e o resultado é a prática do consumo consciente, a geração de renda e o desenvolvimento local.
A marca Farrapo Couture foi fundada em 2012 pela designer Kamila Olstan. A marca busca reduzir o impacto no meio ambiente através da economia criativa e circular. Tem como objetivo não incentivar a produção de novos materiais, reutiliza materiais existentes e assim colabora com a preservação de recursos naturais. A produção é artesanal e tem como fase inicial a recuperação de tecidos em desuso de diversos tipos, desde resíduos da indústria a roupas vintage.
A marca Resgate Fashion é uma marca de slow fashion que utiliza como matéria-prima roupas descartadas, retalhos, tecidos de reuso e ecofriendly para a criação de suas peças. Resgata peças de segunda mão em boas condições e transforma em peças novas e únicas com o objetivo de prolongar o seu tempo de vida.
Contextura é uma marca de Porto Alegre (RS), das designers Anne e Evelise Anicet, que tem como propósito a moda ética e sustentável. As peças são atemporais e únicas criadas a partir de upcycling utilizando técnicas de colagem para reaproveitamento de resíduos da própria confecção. Todos os materiais usados são sustentáveis e os acessórios são realizados em parceria com comunidades de artesãs. Além das roupas e acessórios a marca também utiliza resíduos em obras de arte através de colagens têxteis que são expostas.
E para não dizer que não existe sustentabilidade também em roupas de festa, a marca Carina Brendler de Porto Alegre (RS) tem como proposta unir moda festa e sustentabilidade. Todas as peças são produzidas a partir de materiais descartados por indústrias e outros ateliês, o reaproveitamento através do upcycling é feito com tecidos, roupas e até acessórios. Todas as peças são feitas artesanalmente no ateliê e a marca também disponibiliza aluguel de peças.